A bandeira gaúcha, com formato que tem hoje, aparece durante a campanha republicana no Brasil, na segunda metade do século 19, quando, querendo derrubar a monarquia de D. Pedro II, jovens políticos como Júlio de Castilhos foram buscar no passado gaúcho símbolos republicanos, do tempo em que o Rio Grande foi república, durante a Guerra do Farrapos.
Naquela guerra os farroupilhas, ao proclamarem a república rio-grandense, arvoraram como bandeira um pavilhão quadrado onde figuravam as duas cores brasileiras - o verde e o amarelo - separadas pelo vermelho da guerra.Na mesma época os farrapos mandaram confeccionar no estrangeiro lenços de seda em cujo desenho aparece muito nítida a influência da maçonaria.
Assim, durante a campanha republicana brasileira, os "Moços da Província" (Júlio de Castilhos e outros) pregavam o lenço farroupilha no centro de um retângulo com as três cores farroupilhas. Logo surge uma nova bandeira, como o brasão tirado do lenço já impresso. Basicamente, essa é a bandeira do Estado do Rio Grande do Sul tal qual conhecemos hoje.
Compõem-se de três cores, verde, vermelho e amarelo, sendo o retângulo da bandeira dividido em dois triângulos retângulos (verde e amarelo) e, entre eles um quadrilátero ascendente (vermelho). No centro da bandeira o brasão de armas do estado.
Sua criação ocorreu ainda nos tempos da Revolução Farroupilha (Século XIX), época em que Júlio de Castilho e seus companheiros lutavam pela Proclamação da República Rio-grandense. A referida proclamação ocorreu em 11 de setembro de 1836, pelo General Antonio de Souza Neto, em seguida surgiu a bandeira em substituição à Bandeira Imperial.
Aos seis dias de novembro do ano de 1836 apareceu em Piratini a bandeira republicana rio-grandense, adotada seis dias antes da publicação do decreto que a denominou escudo d'armas (12/11/1836).
Diversas são as interpretações a respeito das cores da bandeira, merecendo destaque duas em especial.
A primeira de Mansueto Bernardi onde "o verde - representa as paisagens; o amarelo - o pudor, a honra e os brios do povo gaúcho". A segunda, é a interpretação simbólica de Augusto Porto Alegre "verde esmeralda - eterna primavera brasileira; amarelo jalde - luzimento do reflexo vivaz e a riqueza pátria; vermelho - entusiasmo".
Negrinho do Pastoreio
No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo por diante, a grito e a relho. Naqueles fins de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar satisfação a ninguém.
Entre os escravos da estância, havia um negrinho, encarregado do pastoreio de alguns animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estância não conheciam cerca de arame; quando muito alguma cerca de pedra erguida pelos próprios escravos, que não podiam ficar parados, para não pensar bobagem... No mais, os limites dos campos eram aqueles colocados por Deus Nosso Senhor: rios, cerros, lagoas.
Pois de uma feita o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias às mãos do patrão, perdeu um animal no pastoreio. Prá quê! Apanhou uma barbaridade atado a um palanque e depois, cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a noite vinha chegando, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo e saiu campeando. Mas nada! O toquinho acabou, o dia veio chegando e ele teve que voltar para a estância.
Então foi outra vez atado ao palanque e desta vez apanhou tanto que morreu, ou pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a "panela" de um formigueiro e atirar lá dentro, de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo lanhado de laçaço e banhando em sangue.
No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro. Qual não é a sua surpresa ao ver o negrinho do pastoreio vivo e contente, ao lado do animal perdido.
João-de-barro
Contam os índios que, há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. Melhor dizendo: apaixonaram-se. Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento. O pai dela perguntou:
Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?
As provas do meu amor! - respondeu o jovem.
O velho gostou da resposta mas achou o jovem atrevido. Então disse:
O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
- Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei.
Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova.
Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo para seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai:
Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.
O velho respondeu:
- Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece.
E esperou até até a última hora do novo dia. Então ordenou:
- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.
Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!
E exatamente naquele momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta onde desapareceu para sempre
Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro.
A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem sua casa e protegem os filhotes. E os homens amam o joão-de-barro porque lembram da força de Jaebé, uma força que vinha do amor e foi maior que a morte.
Quero-quero
Quando a Sagrada Família fugia para o Egito, com medo das espadas dos soldados do rei Herodes, muitas vezes precisou se esconder no campo, quando os perseguidores chegavam perto.
Numa dessas vezes, Nossa Senhora, escondendo o Divino Piá, pediu a todos os bichos que fizessem silêncio, que não cantassem, porque os soldados do reii podiam ouvir e dar fé.
Todos obedeceram prontamente, mas o Quero-quero, não: queria-porque-queria cantar. E dizia: Quero! Quero! Quero!
E tanto disse que foi amaldiçoado por Nossa Senhora: ficou querendo até hoje.